sábado, 30 de julho de 2011

Um motivo para não ignorá-lo, Paulinho Moska.


Do Amor

Não falo do AMOR romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com AMOR. Chamam de AMOR esse querer escravo, e pensam que o AMOR é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o AMOR já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta. A virtude do AMOR é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O AMOR está em movimento eterno, em velocidade infinita. O AMOR é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do AMOR nos domine?

Minha resposta? O AMOR é o desconhecido.

Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o AMOR será sempre o desconhecido, a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do AMOR é a de um ser em mutação. O AMOR quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.

A vida do AMOR depende dessa interferência. A morte do AMOR é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não, não podemos subestimar o AMOR não podemos castrá-lo.

O AMOR não é orgânico. Não é meu coração que sente o AMOR. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O AMOR faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O AMOR brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o AMOR grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do AMOR, se estivermos também a devorá-lo.

O AMOR, eu não conheço. E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o AMOR a navega. Morrer de AMOR é a substância de que a Vida é feita. Ou melhor, só se Vive no AMOR. E a língua do AMOR é a língua que eu falo e escuto.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Por um sim

Nem tudo leva à paixão, meu bem.

Folhetim, de Chico Buarque


Se acaso me quiseres,
Sou dessas mulheres
Que só dizem "sim!",
Por uma coisa à toa,
Uma noitada boa,
Um cinema, um botequim.

E, se tiveres renda
Aceito uma prenda,
Qualquer coisa assim,
Como uma pedra falsa,
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim.

E eu te farei as vontades.
Direi meias verdades
Sempre à meia luz.
E te farei, vaidoso, supor
Que é o maior e que me possuis.

Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte:
Te afasta de mim,
Pois já não vales nada,
És página virada,
Descartada do meu folhetim.

#post.it

Meu corpo está sentindo sua falta, amanheceu meio franzino e encolhido... pede socorro, deseja mais uma vez você. E eu neste momento não tenho poder algum, estou fora o vendo tomar formas.. pois afinal ele nunca foi sujeito em mim. Um prazer até suspeito, mas ainda assim prazer e uma vez sentido não se deve olhar a origem. Uma bebida deliciosa, só mais um copo e talvez esteja saciado. Senão, outros corpos virão...

#4

O sapo beijou a princesa e o efeito foi o reverso, a não ser pelo simples detalhe que o sapo virou príncipe como manda a fábula.. mas a princesa, a coitada, foi largada pelo sapo que, claro, adorou a nova forma e saiu por ai experimentado sensações novas (ou, novas mulheres) com seu novo eu majestoso. Essa sempre foi a fábula verdadeira, o encantamento nunca dura muito tempo e o bem feitor nunca é recompensado. O pior, o bem feitor é sempre o largado com as lembranças que só servem para ele e com uma cara de pastel a ver navios, ou melhor, livros e uma página em branco que precisa ser escrita mas que o efeito embriagador do beijo insiste em não passar.
Um corpo, todo desejo.


sábado, 16 de julho de 2011

#post.it

Triste por você, solidária a você. Mas, jamais, um retorno ao passado ou uma tentativa de rescrevê-lo. Pois, estou cada vez mais curtindo transar comigo mesma, descobrir que tenho sabores deliciosos e, que quando quiser posso degustar outros sabores externos a mim, retornar satisfeita, sem culpa e sola.